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terça-feira, 27 de julho de 2010

A PERFORMACE DO HÍDRIDO: CORPO, DEFICIÊNCIA E POTENCIALIZAÇÃO

A performance do híbrido : corpo, deficiência, potencializarão os significados culturais atribuídos aos atletas que utilizam cadeiras de rodas produzidas com alta tecnologias para fins competitivos. O autor destaca que essas cadeiras não servem apenas com “veículos” de reparação do movimento, mas também como uma prótese que potencializa seus rendimentos esportivos. Ele emprega a noção de híbrido para problematizar a relação humana/máquina e mostrar como as fronteiras naturais/artificiais, orgânicos/inorgânicos têm sido barradas nesse processo e têm gerado novas identidades culturais.

Nos mostra também que técnica, força, resistência e tecnologia fazem a diferença, visto que só esse conjunto consegue desenvolver algumas habilidades nas pessoas portadoras de necessidades especiais.

E que o processo de subjetivação dos sujeitos contemporâneos tem-se pautado na construção de suas identidades assumidas, contida ou abertamente, a partir de um referente considerado “normal” e as que não se ajustam ao padrão descrito como referências são constituídas como identidades diferentes.

Guacira Louro afirma que “Não há identidade fora do poder” que “todas as identidades fazem parte dos jogos políticos, elas se fazem em meio a relações políticas (1995, p.68).

É difícil negar que, nesta sociedade contemporânea, ainda nos enquadramos em um tipo de identidade a partir de significados atribuídos à nossa aparência corporal. Onde nossos corpos são construídos com o intuito de equipá-los para atualizar, acelerar e dinamizar suas performances. O prolongamento da juventude, o revigoramento físico e a perspectiva de uma vida saudável, são objetivos incansavelmente procurados, mesmo que isso importe em perigosas técnicas de remodelagem física.

Le Breton, afirma que a condição humana é corporal, sendo assim subtrair-lhe parte do corpo ou lhe acrescentar, coloca o sujeito em posição intermediária. E aquele que aspira à humanidade de sua condição em oferecer a ela aparências comuns, por causa de suas deformidades, está destinado a uma existência diferenciada(1995, p. 64).

HALL,Stuart, (2001) chamou de marcas de diferenciação aos cuidados na gestão da aparência.Os portadores de deficiências, os significados que atravessam seus corpos, ainda lhe impõem outras marcas, que de certa forma, os tornam vítimas de suas próprias limitações, pois os motivos que lhes são atribuídos pela sociedade quase sempre são fontes de tristeza e infelicidade, lhes representando como inferiores em relação àqueles que não são portadores de deficiências e isso ocorre desde o século XV onde esse deficientes muitas das vezes foram condenados à morte, pois não se acreditava em suas possibilidades de cura e desenvolvimento.

Esses portadores de necessidades eram tidos com “monstros” e só a partir do século XVI é que às Santas casas recolhiam-nos e davam-lhe abrigo e alimentação.
Como território de múltiplos significados e transgressões, este corpo meio monstro, meio ciborgue, carrega o emblema hegemônico da diferença e desliza contemporaneamente entre as fronteiras de sua materialidade. Um corpo diferente, marcado, ao mesmo tempo, pela deficiência, pela performance e pela tecnologia.

O autor fala suas inquietações sobre essa generalidade do humano, fazendo-o pensar no ideal contemporâneo do corpo que esse corpo contemporâneo revela-se verdadeira máquina de performance e promove rejeições e constrangimentos, principalmente entre aqueles que ainda conseguem resistir à “indústria do design corporal”, termo utilizado por Edvaldo Couto em estudo sobre o movimento chamado de utopia tecnológica do corpo perfeito.

Para COUTO, Edvaldo, esta indústria constrói as “peças” que irão substituir, atualizar e potencializar as partes cansadas, doentes e envelhecidas do corpo (2003, p.177-178).

Essa obsessão contemporânea pelo corpo esbelto, constituiu-se a partir do processo de industrialização da sociedade nos séculos XVIII e XIX, e estabeleceu critérios produtivos na avaliação da estrutura do corpo, “a busca da composição corporal equilibrada estava intimamente ligada ao princípio de retidão do corpo e da rigidez do porte” pois a partir do século XIX, começa a estruturar-se um movimento com base no “convencimento por parte da população da necessidade de pôr o corpo em movimento, como pressuposto fundamental do bem estar completo, favorecendo ao desenvolvimento das aptidões morais necessárias à convivência social.
Como isso os corpos contemporâneos , provavelmente, assumiriam a herança desses corpos retos, ágeis, ajustados em suas posturas, adaptados à aceleração das sociedades de comunicação.Aqueles que de alguma forma resistirem ao que o mercado de reconstrução do corpo, estão marcados por sua exclusão, fragilidade e deficiência.

Nesse lugar de fora, situa-se o corpo cadeirante, anatomia ausente e perturbadora que incorpora uma espécie contemporânea de panóplia.

Novaes, Varlei relata que as performances destes corpos representados hegemonicamente como desqualificados e ineficientes, na medida em que são significados por diferentes situações “naturalizadas”, evidenciam práticas discursivas intensamente atravessadas pela relação híbrida entre o corpo e tecnologia.

Híbridos paraolímpicos, estes atletas ciborgues, possivelmente são, interpelados pelo objeto técnico de tal forma que produzem, e são produzidos por novos sentidos e significados.

A transgressão, nesta perspectiva, assume um caráter potencializador, avançando sobre as fronteiras e os limites que estabelecem as possibilidades plenas de movimentos e ação do atleta, onde a relação que o atleta estabelece com a máquina desenvolve uma espécie de mecanismos transgressor que, oferecendo possibilidades superlativas de movimentação, provavelmente, pode vir a destruir os rudes obstáculos orgânicos impostos por sua limitação e que restringem a priori suas possibilidades e ambições motoras nas rotinas da vida diária.


NOVAES, Varlei, relata nesse ensaio que, durante a performance dos corpos recortados, são mediados de tal forma pela tecnologias que editam a reconstrução potencializada de suas funções na busca pela superação de seus limites. Onde a performance deste corpo híbridos, atletas portadores de deficiências , possivelmente se estabeleça a partir daquilo que chamamos de potencialização.

Bruno Latour (1996), afirma que potencializar o corpo é um antigo desejo humano com a origem no cerne do processo de dominação da natureza, onde o ser humano, no decorrer do processo civilizatório, desenvolve a instrumentalização de seu corpo, garantindo, não só a extensão de seus limites, mas a manutenção da própria existência.
VIRILIO,Paul (1996) afirma que as tecnologias são hoje mais precisas e potentes que o corpo humano, muito mais que nossas frágeis aptidões humanas, o que nos garante novas e urgentes possibilidades de performance. Para esse autor, o processo de potencialização se estabelece a partir do instante em que estendemos as capacidades do corpo, utilizando, especialmente, recursos tecnológicos.

Para ele também as próteses foram e são concebidas como artefatos potencializadore à instrumentalização do corpo, à qual refere Latour, especialmente a do portador de deficiência, devem suceder à interpelação tecnológica. Essa ação performática destes híbridos tem o poder de resignificar a si próprios na tentativa de dilacerar com a banalização e a naturalização duas possibilidades.

Hoje, talvez mais que em outras épocas, é difícil negar que a influência da tecnologia nas sociedades ocidentais tem um lugar capital dentre as questões que emergem como prioritárias nas sociedades modernas.
Vivemos, pois, um momento no qual a robótica, a biotecnologia, e a nanotecnologia redesenham nossa forma corporal.
Seria exagero dizer que a tecnologia invade o corpo portador de deficiência¿

Para a tecnociência, a carne do homem presta-se a estorvos, está a caminho da obsolescência, portanto, a assimilação mecânica, a aditivo tecnológico, ressoa como uma reparação e traduz, na contemporaneidade, o residual digno do que sobrou de sua materialidade biológica. Paula Sibília afirma que a sociedade atual assiste ao surgimento de um novo tipo de saber, saber esse que se pretende controlador da vida, superando até a mais fatal das limitações biológicas: a imortabilidade.

O artista australiano Stelarc, afirma que o corpo precisa ser reposicionado de seus limites genéticos para o mundo eletrônico, devendo tornar-se imortal para se adaptar à tecnociência contemporânea.
“ A informação é a prótese que sustenta o corpo obsoleto” (1997, p,54), onde o autor
Garante que o corpo é uma estrutura nem muito eficiente, nem muito durável.

Vale ressaltar que, desde Descartes, como nos lembra Dominique Bourg, testemunhamos historicamente “a dissociação implícita do homem de seu corpo despojado de valor próprio” ( 1996, p.19). Entretanto, nossa contemporaneidade não pode renunciar a idéia desse corpo, não mais como idealização da carne, espécie de outra pele invisível como pensou Ieda Tucherman (1999), mas de um corpo onde as tecnologias enxertam-se diretamente sobre eles (re) produzindo-o.
O atleta portador de deficiência resignifica seu corpo híbrido, investindo nas possibilidades e apropriações tecnológicas potencializadoras, a partir da necessidade de sobreviver, nem tanto à urgência contemporânea, mas principalmente às rotinas de sua existência.

NOVAES, Varlei finaliza dizendo que as cenas que ilustram este ensaio retratam corpos suprimidos, em momentos de ação e performance, vestidos rigorosamente com próteses tecnológicas que não escondem a monstruosidade de suas aparências.
Decididos e potencializados, o híbrido assume as marcas que o marcam fora das normas e, entre os outros, imprime sua performance, anunciando a consistência maquínica de sua materialidade.
Que esse corpo se constitui através da técnica, mas também pela e através da diferença estabelece marcas de distinção definidoras de sua materialidade, é provável que reconstrua sua subjetividade avançando pelos caminhos da performance, na busca do processo de potencialização como um aditivo.

O texto trás e as cenas que o integram, possibili-nos pensar na prótese, o artefato do corpo-máquina, como elemento da contemporaneidade, de que garante o discurso social da reconquista de uma identidade concebida ao mesmo tempo, como ameaçada e ameaçadora.

Os sinais e falas que recheiam essas cenas e discursos permitem-nos identificar os significados que atravessam esses corpos e as diferentes formas que podem ser atribuídas a eles. Corpo Máquina¿ Híbridos¿ ciborgue¿
Devemos olhar para o corpo do atleta portador de deficiência como um corpo de significados e formas plurais que, interpelado por práticas discursivas, transita pelo território da superação e do limite.


Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d) eficiências corporais/ Organizado por: COUTO, Edvaldo Souza; GORLLNER, Silvana Vilodre – 2ª Ed-Porto alegre: Editora da UFRGS,2009

sábado, 17 de julho de 2010

VELHICE, PALAVRA QUASE PROIBIDA;TERCEIRA IDADE, EXPRESSÃO QUASE HEGEMÔNICA Annamaria da R



A autora PALACIOS Annamaria, estabelece uma análise de mudança discursiva entre o vocábulo “velhice” e a expressão “terceira idade” no discurso publicitário de cosméticos, onde o objetivo central é elucidar e ilustrar esse fenômeno de mudanças discursivas associados às transformações sociais em curso no mundo contemporâneo e ao mesmo tempo analisa a gradual substituição de um termo para outro.


Para isso a autora vale-se dos conceitos, noções e observações de vários autores comprometidos com essa análise para falar sobre esse universo discursivo da publicidade de cosméticos, que se encontra alinhada com a ainda mais difundida ou dominante das interpretações reinantes no contexto social para o fenômeno do envelhecimento:este processo é sinônimo de decrepitude.Onde existe dois pontos de tensão que merecem destaques: a primeira fortalece a compreensão de que o processo de envelhecimento representa uma época sombria, decrépita, repleta de temores da morte,do acometimento de doenças, que culmina com o isolamento do individuo dos processos de socialização em sua fase final da vida. A segunda visão aponta para a existência de uma terceira idade, remetendo a uma compreensão de sucessibilidade, ou seja, a existência de fases anteriores.


Ainda que aponte para a etapa final da vida, a nomenclatura terceira idade faz desaparecer a alusão direta a vocábulos tão semanticamente marcados, como velhice, senilidade e envelhecimento.


A nova realidade demográfica leva a criação de um grupo de terceira idade caracterizado por uma velhice ativa e direcionada principalmente para atividades de lazer e autoconhecimento.
A compreensão discursiva deste fenômeno ancora-se em mudanças demográficas ocorridas no mundo, nos últimos cinqüentas anos. Duval Fernandes (1996) diz que esse fenômeno não ocorre de forma isolada na no Brasil, sendo que este se inscreve no grupo de países que sofreram redução populacional. Que o fator preponderante para o declínio da taxa de natalidade foi a queda da fecundidade. O autor conclui que esta redução acarretou profundas modificações na estrutura da população.


Manuel Castells (1999) chama a atenção para o padrão dos últimos dois séculos, prolongando a vida, superando um grande número de doenças, controlando os nascimentos, diminuído os óbitos. Que a expansão do tempo de vida ou elasticidade do seu limite biológico, é um elemento desencadeador de conseqüências sociais consideráveis na contemporaneidade. Embora no passado se intitula morte social, a velhice, atualmente, é universo altamente diverso, composto de aposentados precoces e médios, idosos capazes ou idosos com limitações.


Lembrando Goethe – envelhecer é retirar-se , gradualmente da aparência, considerando positivo que nos dias atuais, um grande número de homens e mulheres desejem persistir na aparência, em estado de boa saúde relativa e sem sofrer discriminações. Nicolas Rios ( 1999) enfatiza que as novas tendências publicitárias ilustram as mudanças mais profundas ao mesmo tempo em que as reforçam, pois são regidas pelo desejo de agradar e seduzir, obriga-se a se adaptar ao novo consumidor se quiser sobreviver e continuar a cumprir a missão que lhe confiam as marcas. Já Bernard Cathelar(2001, p.177) define a ação publicitária como “um motor cultural” mesmo que embora ela não tenha cumprido o seu papel de espelho de uma realidade idealizada, a ela é dado um direito de inovação, quase sempre estendendo e ultrapassando os limites de tolerância de sua audiência.


Jean Michael Adam e Marc Bonhomme (1997), afirmam que uma das principais características da estrutura global do discurso publicitário é a de regular sua mensagem de acordo com o destinatário.Paralelos aos efeitos do suporte e do tipo do produto, a publicidade esforça-se por adaptar-se, aos pré-construídos socioculturais do público que, alvo pacífico, transformar-se em coenunciador. No percurso enunciativo da publicidade de cosméticos, a busca pela juventude somente faz sentido porque é destinado a combater a velhice, levando-nos a afirmar que há um processo de inter-relação entre estes dois estados, apesar de essencialmente antagônicos: conservar a juventude é também combater a velhice, combater a velhice é buscar recuperar a juventude.


PALACIOS Annamaria, ressalta uma espécie de luta articulatória entre o vocábulo velhice, seu simbolismo, e a expressão terceira idade, como uma forma emergente de interpretação para o fenômeno do envelhecimento, liberto de suas conotações negativas. Entretanto, há uma ação de convivência entre os dois vocábulos. O ato de conviver em uma mesma ordem de discurso ter sido observado em um mesmo corpus pode ser representado por uma simples correlação, que nos permite afirmar que o fator de se chegar à velhice implica também ter-se chegado à terceira idade.


A Justificativa para esta inadequação reside no fato de que apesar de que todo indivíduo que chega à terceira idade ser, cronologicamente, velho, esse sujeito, individual e subjetivamente, é impelido, estimulado, incitado, induzido, instigado socialmente a não se sentir como tal. Chamar o indivíduo de velho, de cego, de aleijado passou a ser encarado como transgressões que, têm provocado situações de constrangimentos entre o falante da expressão e o destinatário, a que ela é dirigida ou atribuída.


Fairclough (2201.p.70) afirma que há uma compreensão de que a identidade social de uma pessoa afeta a forma como ela usa a linguagem e de como as práticas discursivas afetam e/ou moldam a identidade social, caracterizando o discurso em relação ativa com a realidade.
A pratica discursiva publicitária, contribuem para reproduzir a sociedade (identidade sociais, relações sociais,sistemas de conhecimento e crença) como também alia a esta condição de representação, o contributo para transformá-la. É importante mencionar que as orientações advindas das relações entre uma prática discursiva (a publicidade) e os eventos discursivos (os anúncios publicitários) são caracterizadas por um estado de antagonismo. Atualmente, é recomendável transferir o uso da palavra velhice para a expressão terceira idade como também são recomendáveis hábitos de vida mais saudáveis que podem significar a adoção de dietas, atividades físicas, práticas terapêuticas alternativas, etc.


Também se faz importante assinalar que o conceito de terceira idade funciona como um balizador semântico, ainda que a expressão nem sempre se faça presente, literalmente e textualmente nos anúncios, como exemplo temos duas grandes empresas brasileiras: Natura e O Boticário.


A autora concluiu que ao passar dos anos não deve ter tanta importância, se vivido com estilo, ainda que o produto seja um item indispensável para a aquisição deste modo de vida.
Falar em terceira idade ou velhice ainda representa uma ambivalência semântica, embora haja uma relação de assimetria entre os sinais de desaparecimento de um termo e de sua substituição por outro.


Que a mudança discursiva ocorre mediante a reconfiguração dos elementos da ordem de discursos que atuam dinamicamente na relação entre as práticas discursivas.
Ela pode estender seus efeitos sobre os sujeitos e suas identidades, as relações sociais e os sistemas de conhecimento e de crença.

Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d) eficiências corporais/ Organizado por: COUTO, Edvaldo Souza; GORLLNER, Silvana Vilodre – 2ª Ed-Porto alegre: Editora da UFRGS,2009





UMA ESTETICA PARA CORPOS MUTANTES Edvaldo Souza Couto



COUTO, Edvaldo discute nesse ensaio a condição espetacular do corpo na sociedade contemporânea, mostrando com a mutabilidade progressiva condicionam o nosso corpo, a nossa vida, ressaltando que as modificações corporais é parte integrante do processo de mudanças que as chamadas novas tecnologias promovem na sociedade e no sujeito. Defendendo a idéia que a carne se tornou, nas mãos de cirurgiões, cientistas a matéria destinada a continuas remodelagens e conclui que o capitalismo avançado o corpo, refabricando-o mutuamente considerando-o assim mais eficiente, o que o torna o principal objeto de consumo.


Couto divide seu ensaio em cinco partes. Na primeira parte ele fala sobre “O corpo - espetáculo e a juventude (quase) eterna” aqui o autor relata que um dos grandes tema do século XXI é a incidência das tecnologias sobre o corpo nas humano, que nas ultimas décadas, por intermédio do projeto genoma, a tentativa cientifica é tornar o corpo de cada pessoa livre do patrimônio cultural e genético. O que tornou-se urgente eliminar toda e qualquer insatisfação física e mental, acabando com uma real ou suposta imperfeição construindo a forma considerada mais adequada livre de possibilidades de doenças. Que em meio a tantos recursos para a remodelagem só é feio, flácido, envelhecido quem quer, quem não se ama, não se cuida, não se previne, pois o culto ao corpo se tornou um estilo de vida tecnocientífica . a promessa fascinante de juventude e beleza conquistou um espaço inédito na mídia, em todas as esferas do nosso cotidiano. Para que esse corpo inacabado, inadequado vencer os perigos crescentes de torna-se obsoleto, ultrapassado, o corpo deve ser continuamente turbinado sofisticado pelas máquinas, atender as novas demandas de prazer e liberdade própria da atualidade.
Em todos os momentos em todos os lugares somos bombardeados com notícias, comercial, propaganda que incentivam a reforma corporal completa, a vida feliz e a longevidade. O autor fala que a corrida por um corpo saudável e longa começa desde o nascimento, começando aí sua trajetória mutante, onde muitas vezes o sangue do cordão umbilical é congelado em diversos locais do mundo o qe possibilita salvas muitas crianças de doenças como a leucemia e elas conseguirão viver muito mais, mas que num futuro próximo,cientistas afirmam que a batalha pela vida começará antes mesmo da concepção.
Relata também que o corpo espetacular precisa dar adeus à morte visto que atualmente existe uma verdadeira obsessão contra o envelhecimento e a morte, apostando em todas as promessas que prolongue a juventude e adie, indefinidamente, a morte, já que envelhecer ainda é inevitável.


Na segunda parte Couto fala sobre “A esperança ciborgue e as novas eficiências corporais”onde ele fala que a todos os momentos ouvimos falar de uma experiência bem-sucedida com implantes artificiais, mostrando os dois lados dessas experiências. De um lado, elas visam recompor o corpo por meio das próteses, devolvendo a inteireza orgânica perdida por meio de um acidente ou uma doença e por outro visam aperfeiçoar membros e órgãos, acelerando, desenvolvendo novas potências e performances corporais.
Desde os anos 50 que a experiência de mixar corpo e tecnologias vem-se deslocando da ficção para o cotidiano das pessoas, existem centenas de cientistas pesquisando tecnologias para que seres humanos recuperem sentidos ou movimentos, superem limitações, com a idéia de que o corpo da máquina e o corpo do homem se integrem numa nova realidade, que a tecnociência promova intensas confusões corporais entre o orgânico e o inorgânico, o natural e o artificial, tornando assim o corpo como lugar por excelência das tecnologias de ponta e o destino certo das máquinas. O autor também nos mostra que com a crescente introdução dos nanoobjetos na estrutura física possibilita-se o viés ideal para fazer com que as máquinas integrem ou substituam órgãos, colonizem as novas vísceras. É nesse sentido que VIRILIO, Paul (2000, p.78-93) diz que o corpo vivo tende a ser cada vez mais abastecido por microcomputadores; implantes e estimulantes praticamente biodegradáveis, máquinas-micróbios, autômatos celulares, capazes de melhorar algumas d as nossas faculdades.
O professor Kevin Warnick (1995) é visto como o modo por excelência da nossa evolução tecnológica. Ela acredita que após a evolução natural estamos na era da evolução técnica. Ele declarou também que nasceu humano por acidente, mas seu objetivo é tornar-se um ciborgue, pois deseja colocar o melhor da inteligência mecânica no seu corpo, ele acredita que não há mais sentido em permanecer meramente humano, precisando estar intimamente unidos às máquinas.


Já na terceira parte desse artigo o autor fala sobre “A engenharia de tecidos e as novas mutações corporais”, afirmando que não adianta se ter uma pele lisa bem hidratada se por dentro os órgãos não funcionam mais como se gostaria, estão cansados, envelhecidos, que da metade do século passada para cá não cessa de aumentar o número de cirurgias para trocar órgãos defeituosos por outros com bom desempenho:coração, pulmão, fígado, córnea ,etc.Embora a técnica tenha contribuído para salvar a vida de muitas pessoas, a técnica não é perfeita.
Agora, com tecidos e órgãos do próprio paciente, a medicina vai dispor de várias possibilidades para recompor uma parte perdida ou defeituosa, sem problemas com doação, sem risco de rejeição, sendo esse o principal objetivo da engenharia de tecidos: criar implantes que tenham o mesmo material genético do organismo receptor, daí a grande importância das células-tronco, que se dividem em dois tipos: embrionárias e adultas, proporcionando resultados surpreendentes desde o seu início no Brasil no ano 2005.


COUTO, Edvaldo, na quarta parte de seu artigo “Corpos Mutantes e capitalismo avançado” , afirma que atual valorização do copo humano em toda parte e a multiplicação de técnicas e terapias, vem sendo acompanhadas por uma intensa exploração comercial. De um lado, indústria, empresas, clínica profissionais, de diversas áreas, publicidade e muita mídia não cessam de exaltar a mutabilidade corporal como característica primordial do sujeito na cibercultura. De outro lado, consumidores vorazes de novidades dispostos a investir e testar os produtos da hora, em busca de milagres sempre prometidos, e assim o corpo se tornou o lugar ideal para todo tipo de experimento da biotecnologia, investimento da economia de mercado e o principal objeto de consumo no capitalismo avançado.
Couto, Edvaldo também fala que vivemos uma época de importantes conquistas técnico - cientificas – implantes, transplantes, órgãos artificiais, mapeamento genético, clonagem, entre outros, que permitem a sobrevivência de doentes que estariam condenados a morrer em pouco tempo e, principalmente, o aperfeiçoamento corporal de pessoas que desejam melhorar a aparência e a performance em geral.

Nas últimas décadas houve a proliferação da fragmentação comercial do corpo humano, que alimenta um mercado considerado legítimo, segundo códigos de ética e de acordo com a legislação sempre frágil e pouco observada, dos países e, movimentando milhões de dólares num mercado negro.Nesse contexto, as pessoas de baixa renda servem de armazém, depósitos vivos para os ricos.Isso significar que os limites entre os usos e os abusos no hipermercado do corpo são sutis e imprecisos.Couto nos lembra que as formas antigas de comercialização, de fato, não desapareceram.Elas foram reconfiguradas, desenvolveram novos mecanismos, foram adaptadas e agora ganham novas destaques.
Não é de hoje que a sociedade de consumo se exibe sobre o signo do excesso, da profusão de mercadorias. Mas agora isso se exacerbou com os hipermercados/hiperlaboratórios onde não apenas os corpos idéias circulam, mas, sobretudos seus fragmentos e próteses de toda ordem disponível para a remodelagem física e mental considerada mais apropriada.
Na era do capitalismo avançado e da mercantilização veloz do corpo é urgente remodelar a vida, gerar mutantes, programar o futuro genético.
É próprio do consumo o fato de que tudo deve ser rapidamente descartado, tudo no corpo, suas formas, seus fragmentos e próteses naturais e artificiais.
A exploração comercial do corpo é um novo modo de inserção no contexto da economia globalizada. A ironia é que nesse contexto, o consumidor é sempre, ao mesmo tempo, produto comprado e vendido. A vida passou a ser definida como mercadoria. As diversas formas de vida, seus corpos e fragmentos, podem ser patenteados e comercializados no mercado global.


Na última parte desse artigo que fala sobre “Uma estética para corpos mutantes” COUTO, Edvaldo nos fala que o envelhecimento precoce das conquistas corporais promovidos pela tecnociência, a necessidade de renovação sistemática e a consciência de que o corpo que permanece é aquele que muda velozmente, são fatores que contribuem para acelerar novos ideais de uma estética para esses mutantes. Essa estética hegemônica enfatiza que só o corpo revisado, corrigido e projetado pelas técnicas, comercializado no varejo, é digno de valor e celebração.
Com isso as pessoas não-aperfeiçoadas pelas próteses eletromecânica, químicas ou genéticas são vistas como inferiores, obsoletas, subumanas. Até vão sobreviver por certo tempo, mas como restos humanos, sempre depreciados e considerados feios, envelhecidos, doentes, inválidos, deficientes, pois só serão aceitas na sociedade pessoas inseridas nas modalidades do culto ao corpo, comprometidas com as transformações e remodelagens, integradas e aclamadas como exemplos a serem copiados. As escolhas supostamente corretas constroem eficiências, as inadequadas constroem as deficiências. Entretanto, são muitas as possibilidades de transformar deficiências e eficiências.
Couto, conclui que essa estética para corpos mutantes ressalta que os velhos determinismos podem ser transformados em determinação livre.


Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d) eficiências corporais/ Organizado por: COUTO, Edvaldo Souza; GORLLNER, Silvana Vilodre – 2ª Ed-Porto alegre: Editora da UFRGS,2009


terça-feira, 13 de julho de 2010

OS PERCURSOS DO CORPO NA CULTURA CONTEMPORÂNEA - Malu Fontes




Nesse artigo, que faz parte do livro Corpos Mutantes, a autora Malu Fontes faz uma análise sobre o ideal de corpo de acordo com os padrões exigidos pelos meios de comunicação de massa, o qual é conceitua de corpo canônico. Sendo este corpo canônico o resultado do corpo de investimento em práticas que objetivam alterar as configurações anatômicas e estéticas e são sinônimos de beleza, saúde e bem-estar. E nesse argumento, a mulher vem sendo mais atingida pelos apelos midiáticos, seriam elas referências de elementos relacionados à juventude, ao vigor as estratégias de exercícios físicos, às cirurgias plásticas, até o consumo excessivo de produtos cosméticos bem como do seu vestuário. Fontes, Malu no primeiro capítulo, do seu artigo chama atenção que o corpo desejável nos meios de comunicação de massa em alguns cenários sociais pode ser dissonante em relação ao corpo canônico de acordo com os padrões religiosos e alimentares ditas alternativas, Ressalta ainda que os padrões que hoje definem o corpo canônico da mídia são passiveis de alterações ao longo do tempo.
Fontes Malu, relata também nesse artigo o quão, supostamente é difícil para as mulheres portadoras de deficiência física se afirmarem como cidadã em um contexto social e culturalmente marcado por uma corporeidade feminina canônica, ou seja uma pessoa cujo corpo é dissonante em relação à corporaneidade canônica imposta, vigente onde a cultura de massa funciona como um causador de angústias, causando sofrimentos de não ser o corpo midiático desejável.
Fontes, faz uma retrospectiva histórica no percurso do estatuto do corpo no Ocidente para que o leitor entenda, desde os tempos em que o culto ao corpo era demonizado, escondido, fruto de vergonha, chegando ao seu ápice apoiado pelo avanço médico e científico da contemporaneidade, o que contribuiu decisivamente para a sua exposição . A autora relata que o início dos processos de redefinição do corpo verdadeiramente se consolida na segunda metade do século XX período das duas grandes guerras mundiais em conseqüências das mudanças de paradigmas gerados pela reconfiguração do mapa geopolítico do mundo após a Segunda Guerra . O mundo até esse momento era marcado pela existência das metanarrativas que prevaleciam juntamente com os referenciais políticos, filosóficos e ideológicos que orientavam a natureza humana, os quais foram substituídos pelos grandes paradigmas. Com o esfacelamento das metanarrativas, entram em crise, os grandes discursos unificadores, sendo o homem estimulado ao individualismo, voltando-se para a sua própria imagem, para o culto ao próprio corpo.
Fontes Malu dizer que, o corpo passa por três estatutos culturais básicos que é o corpo representado onde é descrito pelo olhar do outro; o corpo representante que é um corpo ativo, autônomo quanto as suas práticas e o corpo apresentador de si mesmo, caracterizado como porta-voz de forma e não de conteúdos, um corpo reconstituído à base de cirurgias plásticas em implantes de substâncias químicas.

No segundo capítulo desse artigo, a autora aborda as características que identificam um corpo canônico e o corpo dissonante depois os comparam.

Fontes Malu, relata que o projeto de autoconstrução de um corpo canônico teve início quando o individuo opta pela adesão e submissão voluntária a um conjunto de práticas que alteram, aperfeiçoam, corrigem e reconstroem o corpo dito natural, no sentido de potencializá-lo em saúde, força e sobre tudo, em beleza estética e corporal. A essência do corpo canônico, é a negação dos efeitos do tempo e da depreciação causada pelos agentes cronológicos na anatomia do corpo.
O corpo canônico é, então, o corpo resultante as soma de diferentes tipos de investimentos, um corpo construído ou alterado mediante práticas, métodos e artifícios que são aperfeiçoados ao longo de todo o século XX e que têm na mídia o mais poderoso instrumento de divulgação e disseminação, seduzindo e conquistando adeptos em todas as classes sociais regulados pelo poder aquisitivo de cada indivíduo. Essa parte do texto é bem interessante e chama a atenção do leitor para as formas adotadas pelos economicamente excluídos para estabelecer um discurso de altivez.
Fontes Malu diz que é fundamental evidenciar que a idéia corpo canônico não equivale, necessariamente, à beleza física, que o corpo ideal, antes de ser belo, deve ser sinônimo de não-gordo, saudável, submetido voluntariamente a exercícios, medicamentos, tratamentos ou incisões cirúrgicas radicais.
Assim sendo, todo corpo que estiver fora desse projeto médico e cultural são denominados como corpo dissonante, um corpo inválido, quando comparados e confrontados com a lógica da boa forma e do vigor físicos. O corpo dissonante tende a despertar reações de estranhamento e até mesmo de repulsa. Pois sabe-se que na cultura contemporânea , o que não é desejável quase sempre é assustador. Na mídia é traduzido pela obesidade , pela velhice pela deficiência física ou limitações de ordem física.

O corpo dissonante se constitui como um atrativo e consumível na cultura de massa quando apresentado sobre a configuração de espetáculo e denúncia. E, quando naturalizado e sem artifícios reduz-se a objeto causador de rejeição, por representar a negação ameaçadora do desejo de sedução e aceitação.

E que para fugir da mais leve associação com a dita “monstruosidade” real, seja via obesidade ou velhice, recorre-se aos mais sofisticados e eficientes processos para (re)construção de um corpo canônico. Esse texto leva a uma grande reflexão sobre como a mídia influência de forma direta no preconceito, no que é visto e tido com perfeito, como você pode fazer parte, esta inserido ou não nessa população ditas como “aceitável” ou “excluídas”.



Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d) eficiências corporais/ Organizado por: COUTO, Edvaldo Souza; GORLLNER, Silvana Vilodre – 2ª Ed-Porto alegre: Editora da UFRGS,2009