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sábado, 17 de julho de 2010

UMA ESTETICA PARA CORPOS MUTANTES Edvaldo Souza Couto



COUTO, Edvaldo discute nesse ensaio a condição espetacular do corpo na sociedade contemporânea, mostrando com a mutabilidade progressiva condicionam o nosso corpo, a nossa vida, ressaltando que as modificações corporais é parte integrante do processo de mudanças que as chamadas novas tecnologias promovem na sociedade e no sujeito. Defendendo a idéia que a carne se tornou, nas mãos de cirurgiões, cientistas a matéria destinada a continuas remodelagens e conclui que o capitalismo avançado o corpo, refabricando-o mutuamente considerando-o assim mais eficiente, o que o torna o principal objeto de consumo.


Couto divide seu ensaio em cinco partes. Na primeira parte ele fala sobre “O corpo - espetáculo e a juventude (quase) eterna” aqui o autor relata que um dos grandes tema do século XXI é a incidência das tecnologias sobre o corpo nas humano, que nas ultimas décadas, por intermédio do projeto genoma, a tentativa cientifica é tornar o corpo de cada pessoa livre do patrimônio cultural e genético. O que tornou-se urgente eliminar toda e qualquer insatisfação física e mental, acabando com uma real ou suposta imperfeição construindo a forma considerada mais adequada livre de possibilidades de doenças. Que em meio a tantos recursos para a remodelagem só é feio, flácido, envelhecido quem quer, quem não se ama, não se cuida, não se previne, pois o culto ao corpo se tornou um estilo de vida tecnocientífica . a promessa fascinante de juventude e beleza conquistou um espaço inédito na mídia, em todas as esferas do nosso cotidiano. Para que esse corpo inacabado, inadequado vencer os perigos crescentes de torna-se obsoleto, ultrapassado, o corpo deve ser continuamente turbinado sofisticado pelas máquinas, atender as novas demandas de prazer e liberdade própria da atualidade.
Em todos os momentos em todos os lugares somos bombardeados com notícias, comercial, propaganda que incentivam a reforma corporal completa, a vida feliz e a longevidade. O autor fala que a corrida por um corpo saudável e longa começa desde o nascimento, começando aí sua trajetória mutante, onde muitas vezes o sangue do cordão umbilical é congelado em diversos locais do mundo o qe possibilita salvas muitas crianças de doenças como a leucemia e elas conseguirão viver muito mais, mas que num futuro próximo,cientistas afirmam que a batalha pela vida começará antes mesmo da concepção.
Relata também que o corpo espetacular precisa dar adeus à morte visto que atualmente existe uma verdadeira obsessão contra o envelhecimento e a morte, apostando em todas as promessas que prolongue a juventude e adie, indefinidamente, a morte, já que envelhecer ainda é inevitável.


Na segunda parte Couto fala sobre “A esperança ciborgue e as novas eficiências corporais”onde ele fala que a todos os momentos ouvimos falar de uma experiência bem-sucedida com implantes artificiais, mostrando os dois lados dessas experiências. De um lado, elas visam recompor o corpo por meio das próteses, devolvendo a inteireza orgânica perdida por meio de um acidente ou uma doença e por outro visam aperfeiçoar membros e órgãos, acelerando, desenvolvendo novas potências e performances corporais.
Desde os anos 50 que a experiência de mixar corpo e tecnologias vem-se deslocando da ficção para o cotidiano das pessoas, existem centenas de cientistas pesquisando tecnologias para que seres humanos recuperem sentidos ou movimentos, superem limitações, com a idéia de que o corpo da máquina e o corpo do homem se integrem numa nova realidade, que a tecnociência promova intensas confusões corporais entre o orgânico e o inorgânico, o natural e o artificial, tornando assim o corpo como lugar por excelência das tecnologias de ponta e o destino certo das máquinas. O autor também nos mostra que com a crescente introdução dos nanoobjetos na estrutura física possibilita-se o viés ideal para fazer com que as máquinas integrem ou substituam órgãos, colonizem as novas vísceras. É nesse sentido que VIRILIO, Paul (2000, p.78-93) diz que o corpo vivo tende a ser cada vez mais abastecido por microcomputadores; implantes e estimulantes praticamente biodegradáveis, máquinas-micróbios, autômatos celulares, capazes de melhorar algumas d as nossas faculdades.
O professor Kevin Warnick (1995) é visto como o modo por excelência da nossa evolução tecnológica. Ela acredita que após a evolução natural estamos na era da evolução técnica. Ele declarou também que nasceu humano por acidente, mas seu objetivo é tornar-se um ciborgue, pois deseja colocar o melhor da inteligência mecânica no seu corpo, ele acredita que não há mais sentido em permanecer meramente humano, precisando estar intimamente unidos às máquinas.


Já na terceira parte desse artigo o autor fala sobre “A engenharia de tecidos e as novas mutações corporais”, afirmando que não adianta se ter uma pele lisa bem hidratada se por dentro os órgãos não funcionam mais como se gostaria, estão cansados, envelhecidos, que da metade do século passada para cá não cessa de aumentar o número de cirurgias para trocar órgãos defeituosos por outros com bom desempenho:coração, pulmão, fígado, córnea ,etc.Embora a técnica tenha contribuído para salvar a vida de muitas pessoas, a técnica não é perfeita.
Agora, com tecidos e órgãos do próprio paciente, a medicina vai dispor de várias possibilidades para recompor uma parte perdida ou defeituosa, sem problemas com doação, sem risco de rejeição, sendo esse o principal objetivo da engenharia de tecidos: criar implantes que tenham o mesmo material genético do organismo receptor, daí a grande importância das células-tronco, que se dividem em dois tipos: embrionárias e adultas, proporcionando resultados surpreendentes desde o seu início no Brasil no ano 2005.


COUTO, Edvaldo, na quarta parte de seu artigo “Corpos Mutantes e capitalismo avançado” , afirma que atual valorização do copo humano em toda parte e a multiplicação de técnicas e terapias, vem sendo acompanhadas por uma intensa exploração comercial. De um lado, indústria, empresas, clínica profissionais, de diversas áreas, publicidade e muita mídia não cessam de exaltar a mutabilidade corporal como característica primordial do sujeito na cibercultura. De outro lado, consumidores vorazes de novidades dispostos a investir e testar os produtos da hora, em busca de milagres sempre prometidos, e assim o corpo se tornou o lugar ideal para todo tipo de experimento da biotecnologia, investimento da economia de mercado e o principal objeto de consumo no capitalismo avançado.
Couto, Edvaldo também fala que vivemos uma época de importantes conquistas técnico - cientificas – implantes, transplantes, órgãos artificiais, mapeamento genético, clonagem, entre outros, que permitem a sobrevivência de doentes que estariam condenados a morrer em pouco tempo e, principalmente, o aperfeiçoamento corporal de pessoas que desejam melhorar a aparência e a performance em geral.

Nas últimas décadas houve a proliferação da fragmentação comercial do corpo humano, que alimenta um mercado considerado legítimo, segundo códigos de ética e de acordo com a legislação sempre frágil e pouco observada, dos países e, movimentando milhões de dólares num mercado negro.Nesse contexto, as pessoas de baixa renda servem de armazém, depósitos vivos para os ricos.Isso significar que os limites entre os usos e os abusos no hipermercado do corpo são sutis e imprecisos.Couto nos lembra que as formas antigas de comercialização, de fato, não desapareceram.Elas foram reconfiguradas, desenvolveram novos mecanismos, foram adaptadas e agora ganham novas destaques.
Não é de hoje que a sociedade de consumo se exibe sobre o signo do excesso, da profusão de mercadorias. Mas agora isso se exacerbou com os hipermercados/hiperlaboratórios onde não apenas os corpos idéias circulam, mas, sobretudos seus fragmentos e próteses de toda ordem disponível para a remodelagem física e mental considerada mais apropriada.
Na era do capitalismo avançado e da mercantilização veloz do corpo é urgente remodelar a vida, gerar mutantes, programar o futuro genético.
É próprio do consumo o fato de que tudo deve ser rapidamente descartado, tudo no corpo, suas formas, seus fragmentos e próteses naturais e artificiais.
A exploração comercial do corpo é um novo modo de inserção no contexto da economia globalizada. A ironia é que nesse contexto, o consumidor é sempre, ao mesmo tempo, produto comprado e vendido. A vida passou a ser definida como mercadoria. As diversas formas de vida, seus corpos e fragmentos, podem ser patenteados e comercializados no mercado global.


Na última parte desse artigo que fala sobre “Uma estética para corpos mutantes” COUTO, Edvaldo nos fala que o envelhecimento precoce das conquistas corporais promovidos pela tecnociência, a necessidade de renovação sistemática e a consciência de que o corpo que permanece é aquele que muda velozmente, são fatores que contribuem para acelerar novos ideais de uma estética para esses mutantes. Essa estética hegemônica enfatiza que só o corpo revisado, corrigido e projetado pelas técnicas, comercializado no varejo, é digno de valor e celebração.
Com isso as pessoas não-aperfeiçoadas pelas próteses eletromecânica, químicas ou genéticas são vistas como inferiores, obsoletas, subumanas. Até vão sobreviver por certo tempo, mas como restos humanos, sempre depreciados e considerados feios, envelhecidos, doentes, inválidos, deficientes, pois só serão aceitas na sociedade pessoas inseridas nas modalidades do culto ao corpo, comprometidas com as transformações e remodelagens, integradas e aclamadas como exemplos a serem copiados. As escolhas supostamente corretas constroem eficiências, as inadequadas constroem as deficiências. Entretanto, são muitas as possibilidades de transformar deficiências e eficiências.
Couto, conclui que essa estética para corpos mutantes ressalta que os velhos determinismos podem ser transformados em determinação livre.


Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d) eficiências corporais/ Organizado por: COUTO, Edvaldo Souza; GORLLNER, Silvana Vilodre – 2ª Ed-Porto alegre: Editora da UFRGS,2009


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